O Avental da Professora

O Avental da Professora
Lançamento do livro

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

o tempo

O TEMPO

Quero andar sem pressa
Pois o tempo, este cruel juiz,
Deu para me armar laços...
Roubando-me o direito
De olhar uma estrela,
De cheirar uma flor
De ver o sol surgir,
Espreguiçando-se, docemente,
Sobre as montanhas de luz.
Mas hoje casso o seu mandato.
E faço meu todo o tempo.
Quero passear pelos campos
E olhar as borboletas azuis.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Quem sou eu?

QUEM SOU EU?

Sou um remo
Agitando as águas
Em busca da ilha
Útero seguro, onde me acalmo.

Sou rede no rio, catando esperanças
Afastando o degredo.

Sou livro fechado,
Dédalo sofrido
Estrela vital
Que não posso alcançar.
Relva de desafetos
Degelo de sonhos... onde vou aportar?

Na lua que ri?
Aliança que fiz?
Universo de palavras que me vem sussurrar;

Sou um rio de safiras,
Iluminando as cismas
Sou a letra da ética
Com cheiro de âmbar.

Afasto meus erros,
Amplio o universo
Mato a insônia
Povoando de sonhos a minha solidão.

A TARDE E O HOMEM

A TARDE E O HOMEM

A tarde azul, cintilante...
Florezinhas mimosas nos campos
Por onde caminha o homem.
Passos cativos...
De quem não se sente vivo!
Passos lentos...
De quem vive sem alento!
Sofrimento renitente
Que se arrasta no azul
Que consome o homem.
Ah, tarde... quisera meu eu infinito
Pintar em doce aquarela
As cores do teu ser.
Mas a tarde sufoca o homem
Que nada vê nem sente
Perdido em devaneios do poder.
Ah, tarde... quisera meu ser inconfesso
Fazer o tempo parar
Só para dar ao homem
A ilusão de te dominar.
Mas a tarde é fria...
Tão fria quanto o azul que se irradia
Nos campos do pensamento
Por onde o homem flutua,
Sufocado pelo azul.
E a tarde vendo o homem indiferente,
Vagando feito um demente,
Despiu-se do terno azul,
Vestiu-se de sombras funestas
Lançou um ai tão pungente
Sobre as muralhas do tempo e...
Num ato tresloucado,
De quem não encontra saída...
Cabrum! Cabrum!
A tarde explodiu o homem.